A estudante de Jornalismo da Uneb Juazeiro (BA), repórter da Agência Multiciência, Laíse Ribeiro, conquistou um lugar no pódio do Prêmio Sebrae de Jornalismo com a reportagem “As Odetes e a representação feminina na Economia Solidária do Sertão do São Francisco” Acesse a reportagem premiada de Laíse Ribeiro:
https://multicienciaonline.blogspot.com/2024/05/as-odetes-e-representacao-feminina-na_31.html
A cerimônia de premiação do Prêmio Sebrae de Jornalismo ocorreu na última terça (10), no 1º Encontro Baiano de Comunicadores, ocorrido no auditório do Serviço Brasieiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) da Bahia, em Salvador, e premiou produtos jornalísticos divididos nas seguintes categorias: Jornalismo em Texto, em Áudio, em Vídeo, Fotojornalismo e Jornalismo Universitário. Essa última é uma novidade implementada neste ano, e tem como objetivo reconhecer e estimular produções estudantis ou de recém graduados.
Dentre os finalistas, estavam estudantes de universidades estaduais, e jornalistas de diversas emissoras baianas, movidos pelo interesse em pautar o empreendedorismo no estado. A Universidade do Estado da Bahia (Uneb) conquistou dois lugares no pódio: o 3º, com a reportagem de Laise Ribeiro, e o 1º lugar, com o trabalho de Ana Novaes, do campus de Seabra, denominada: “Agricultura familiar e afro-vivências: memórias de quilombos da Chapada Diamantina”. O 2º lugar do pódio ficou com Murilo Trindade, da Universidade Estadual de Santa Cruz, com a produção: São João na Bahia é símbolo de empreendedorismo.
“O prêmio é muito importante pra mim, não só pra minha vida acadêmica, mas também pelo lugar de onde eu venho e por reconhecer não só o meu trabalho, mas o dessas mulheres”, afirma Laíse Ribeiro, ao ser perguntada sobre o que o prêmio significa.
Laíse Ribeiro e os processos de construção da reportagem premiada
Laise Ribeiro (22) é natural de Juazeiro – Bahia, e está no 6º período do curso de Jornalismo em Multimeios do campus III da Uneb. Decidiu estudar Jornalismo por, entre alguns fatores, ter afinidade com a escrita e interesse pelo poder transformador da Comunicação.
Laise conheceu a Agência de notícias Multiciência – projeto de extensão da Uneb de Juazeiro – no 3º semestre, através de conversas com a ex-coordenadora professora Andréa Santos, atual diretora do Departamento de Ciências Humanas do campus, e se sentiu provocada a participar, diante do caráter laboratorial e possibilidade de atuação prática, que acaba ficando restrita aos períodos mais avançados da graduação.
Desde o início do curso, ela se dedica a pesquisar e trabalhar temas relacionados à como a mídia é usada para reforçar o racismo e a xenofobia diariamente, e o quanto isso é enraizado. Além disso, também tem buscado dar visibilidade a pequenas iniciativas empreendedoras, culturais e artísticas de Juazeiro, da região, entendendo o Jornalismo como uma forma de potencializar saberes ancestrais e desconstruir estereótipos.
Uma dessas iniciativas que Laíse se interessou em estudar é “As Odetes”, um grupo de mulheres do Sertão do São Francisco – território às margens do Rio São Francisco que abrange cerca de 10 cidades, situadas na Bahia e em Pernambuco -, cujo contato inicial surgiu na visita a uma feira da economia solidária que aconteceu em Juazeiro, aliada à demanda por uma pauta para uma reportagem do componente Redação Jornalística III.
Laíse escolheu a Feira de Economia Solidária na cidade e foi visitá-la, inicialmente, com a intenção de escrever sobre o evento, pela relevância do tema, que é muito presente em Juazeiro. No entanto, quando chegou ao local, conheceu Ana Paula Severo, uma das Odetes, e percebeu que a história do grupo mereceria ser contada. “Ela foi me contar sobre a história, e, ao ver a força dessa mulher, o entusiasmo com que ela me contou aquela história, e como a economia solidária mudou a vida dela, me fez entender que era um tema extremamente importante, e escrever sobre aquilo”, destaca a estudante.
Laise diz que a partir do contato com “As Odetes”, ela passou a entender melhor a relevância social daquele grupo, e o quanto a economia solidária pode transformar vidas. “Nesse projeto, as mulheres são as protagonistas” destacou.
A reportagem foi entregue para o encerramento do componente Redação Jornalística III, mas Laíse, querendo submeter a proposta ao Prêmio Sebrae de Jornalismo, conversou com a coordenadora do Multiciência professora Carla Paiva, que a orientou, propondo que mais mulheres do grupo fossem entrevistadas, mais imagens adicionadas etc.
A Agência Multiciência: importância da extensão universitária
Com mais de 19 anos de história, a Agência Multiciência é um espaço de produções jornalísticas dos alunos do curso de Jornalismo em Multimeios, que visa disseminar conteúdos jornalísticos para o Vale do São Francisco. Além de difundir conhecimento científico para a sociedade, a agência é um espaço que busca estreitar os laços da comunidade acadêmica juntamente com a população, valorizando a cultura local e exaltando a importância da economia solidária no contexto do semiárido.
Carla Paiva, coordenadora do Projeto e orientadora de Laise, conta que o produto designado pela aluna demonstra a importância dessa conexão entre a universidade e a sociedade. “O produto de Laíse é muito fruto desse papel da universidade de incentivar o jornalismo independente, de incentivar um jornalismo científico que converse com a sociedade e que converse com a diversidade.”, afirma Carla.
Carla ainda conta sobre a importância da agência, além de mostrar que a premiação de Laise é um exemplo de que a Agência tem se consolidado cada vez mais como esse local de construção e produção jornalística, tornando-se um importante projeto de extensão universitário. “A classificação desse trabalho denota a importância que a Agência Multiciência tem não só para o curso de jornalismo, mas para a UNEB como um todo e também para o município de Juazeiro.”, acrescenta a coordenadora.
O feedback das Odetes
Uma das características da agência Multiciência é a busca do estreitamento das relações entre a universidade e a comunidade externa, partindo da premissa de que as pessoas ouvidas, as histórias contadas, divulgadas, não são apenas fontes a serem usadas, objetos de estudo. E isso se manifesta na forma que os monitores/repórteres são instruídos: a darem espaço para que as pessoas possam assumir o protagonismo nas produções, sendo eles apenas mediadores, pois acredita-se que não se dá voz às pessoas, elas têm sua próprias vozes; o que se pode fazer é proporcionar um espaço para que essa voz seja intensificada.
Foi o que Laise fez. E isso se reflete na forma que as relações vão se constituindo. Ana Paula Severo, uma das Odetes, manifesta a felicidade e o agradecimento pelo grupo ter sido pautado e a ajudado a conquistar o prêmio. “Para nós é uma honra. Nós somos muito gratas. A palavra é gratidão, gratidão por tudo”, enfatiza Ana Paula.
Próximas etapas do Prêmio
O Prêmio Sebrae de Jornalismo agora segue com a etapa Regional, na qual os vencedores de cada categoria no Estadual serão avaliados por 5 júris das regiões do Brasil, e os trabalhos com as melhores pontuações serão os vencedores.
Em seguida, haverá a etapa Nacional, prevista para acontecer em novembro, em que estarão concorrendo os trabalhos vencedores das diferentes categorias da fase Regional.
Após isso, haverá a avaliação para identificar o vencedor do Grande Prêmio Sebrae de Jornalismo, que será definido entre um dos quatro ganhadores das principais categorias da fase Nacional.
Por Ana Beatriz Menezes e Guilherme Leite, estudantes de Jornalismo em Multimeios e colaboradores do MultiCiência.